sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O QUE PINTA DE NOVO NO ROQUE


Desta vez, não adianta a fogosa viúva Porcina estrilhar, bater o pé ou jogar a cabeça para trás. O coração do galã que Santeiro não bate mais só por ela. Desde segunda-feira passada, quando Aguinaldo Silva escreveu o capítulo 105 da novela. de maior sucesso da televisão brasileira, Roque divide sua taquicardia entre a exuberante Porcina e a recatada Mocinha.

É a virada natural que qualquer telenovela de longo alcance - e a saga de Roque Santeiro só terminará no dia 16 de janeiro do ano que vem, depois de serem exibidos seus 180 capítulos - precisa para manter por tanto tempo a atenção do espectador. A maioria das tramas se completa e começam subenredos novos, como se fosse outra novela. Roque Santeiro não escapou desta estratégia. Em torno do capítulo 100 - até agora já foram levados ao ar 70 capítulos -, uma antiga empregada de Sinhozinho Malta (Lima Duarte) volta à Asa Branca e comprova o envolvimento do fazendeiro na morte da primeira esposa. É assim .que a sogra do vilão, Marcelina (Wanda Kosmos), incita sua neta Tânia (Lídia Brondi) contra Sinhozinho. Para não piorar seu relacionamento com a filha, Sinhozinho rompe de vez seu longo noivado com Porcina (Regina Duarte). Começa, então, uma luta para ver quem tem mais poder na cidade, Sinhozinho Malta ou Porcina. É a chance também de a extravagante personagem investir de vez em seu romance com Roque Santeiro (José Wilker). Só que a esta altura, ela já enfrentará a forte concorrência de Mocinha (Lucinha Lins). Depois de ver o herói várias vezes, acreditando que são apenas visões, Mocinha, enfim, encosta no galã e descobre que ele não morreu. É o suficiente para abandonar seus jeitos de boa moça e trocar o recato pela sensualidade.

"Mocinha virou um mulherão tão grande que ficou assustadora. Até eu estou com medo", revela Aguinaldo Silva que, com o auxílio de Joaquim Assis, Lilian Garcia e Marcílio Moraes, escreve as aventuras do personagem iniciadas por Dias Gomes. De certa forma, a equipe de redatores está atendendo o desejo dos espectadores da novela. A Rede Globo sempre realiza pesquisas de opinião pública após os capítulos 15, 30 e 45 de cada novela. É a ocasião em que a emissora acredita que ainda há tempo para mudanças de curso na história. Depois disso, se a novela não "pegar", não tem mais solução. Em Roque Santeiro, as pesquisas demonstraram que o público torce por Mocinha e quer vê-la mais desreprimida.

"Roque fica dividido entre as duas mulheres porque Mocinha nutre por ele um amor neurótico", adianta Aguinaldo. "Dezessete anos sem namorar deixaram nela sequelas que não existem em Porcina". O amor de Roque e Mocinha - em sua versão sexualizada - provocará ciúmes em Porcina e dúvidas em Roque. Fica provado, mais uma vez, que nenhuma novela sobrevive sem um empolgante triângulo amoroso.

Outro triângulo, aliás, abalará os alicerces da casa do prefeito de Asa Branca. A vedete Amparito Hernandez (Nélia Paula) vai descobrir que o prefeito Flô (Ary Fontoura) foi o seu primeiro amor. O caso terminou com a fuga de Flô e uma péssima reputação para Amparito. Ela, agora, resolve se vingar. "Vai matar o prefeito do coração", diverte-se Aguinaldo.

As pesquisas da Globo mostram ainda que o personagem do Padre Hipólito (Paulo Gracindo) não agrada ao público. "Ele está muito em cima do muro para cair no gosto popular", analisa Aguinaldo. Os espectadores torcem mesmo pelo moderno Padre Albano (Cláudio Cavalcanti). Por isso ele já está aparecendo mais nos capítulos que estão indo ao ar. O público exige que ele desempenhe um papel mais humanitário em Asa Branca.

Até o ano que vem, é claro que muitas outras reviravoltas vão acontecer em Asa Branca. A única trajetória completa traçada pelo autor original, Dias Gomes, é a do herói Roque Santeiro. No mais, Aguinaldo Silva pode "inventar" à vontade. Cada capítulo finalizado é apresentado a Dias Gomes que geralmente gosta, segundo Aguinaldo. E os espectadores, que já fizeram á novela alcançar o quase inacreditável índice de 97% nas tabelas do IBOPE, também.

Jornal do Brasil
15/9/1985


Assista os capítulos 88 e 89 exibidos nessa quarta e quinta-feira.

Capítulo 89








Capítulo 88





sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A NOITE MAIS LONGA E MOVIMENTADA DE ASA BRANCA


Para superar a chamada "síndrome do meio da novela", Aguinaldo Silva preparou capítulos movimentadíssimos para essa fase de "Roque Santeiro", envolvendo todos os moradores de Asa Branca, que vivem momentos de pânico, suspense e êxtase. Nessa noite, ninguém vai dormir na cidade, que será palco de todo tipo de acontecimentos imprevisíveis. As cenas, que irão ao ar nos capítulos 86, 87 e 88, foram gravadas em várias etapas, em diversos locais, e contaram com nada menos que 850 figurantes.

Gonzaga Blota teve muito trabalho para comandar a tropa de figurantes contratada para encher a praça de Asa Branca. A maioria se distraía admirando os artistas e pedindo autógrafos, esquecendo as ordens do diretor, que queria todo mundo olhando para cima, curioso para saber o que teria levado Padre Albano a tocar o sino, chamando a multidão, já a altas horas da noite.

Tais cenas foram gravadas terça-feira, na cidade cenográfica, em Guaratiba, para onde os figurantes foram levados às três da tarde. Foram feitas muitas tomadas em que todos gritam, com os braços erguidos: "Milagre! milagre!" Tudo sob o comando de Gonzaga Blota, cuja voz será ouvida pelo telespectador, que por certo pensará tratar-se do mais fervoroso devoto do padroeiro da cidade. A certa altura, Lima Duarte, fora de cena, também deu vivas, incentivando os figurantes, que cumprimentou depois sorrindo:

- Milagre é fazer vocês terem força e disposição para gritar até agora, onze da noite.

Em seguida, todos saudaram o milagreiro Roque e seu pai, o Beato Salu, que surgiu na praça no momento em que o povo aguardava a revelação de Padre Albano. Paulo Gracindo, caracterizado como Padre Hipólito, aguardava sua vez de gravar na porta da igreja. Com uma ironia digna de seu personagem, ele brincou:

- Pede ao contra-regra para tirar a escada por onde o Beato subiu até o pedestal da estátua e manda Roque Santeiro fazer o milagre de seu pai sair lá de cima flutuando.

A seqüência seguinte a ser gravada foi a chegada dos espectadores do filme de Gerson do Vale (Ewerton de Castro), que deixam o cinema apavorados com o princípio de incêndio no cinema. Na praça, Sinhozinho (Lima Duarte), Porcina (Regina Duarte) e o Prefeito Flô (Ary Fontoura) temem pelo pior: a revelação de Albano (Cláudio Cavalcanti). Pensam até em fugir da cidade, mas para alívio dos poderosos da cidade, a intenção do Padre fracassa diante da euforia do povo com o acontecimento de um novo milagre. Como a ordem de gravação não altera a edição dos capítulos, as cenas interiores foram gravadas na quinta-feira pela manhã, num cinema em Botafogo, também com inúmeros figurantes. Ali, mais uma vez, acontece de tudo, desde um acalorado bate-boca entre Porcina e Mocinha (Lucinha Lins), desmaios, e gozações com o Delegado Feijó (Maurício do Valle), que no filme faz o papel do bandido Navalhada.

Em O Globo
22/9/1985

Capítulo 84







Capítulo 85







quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PADRE ALBANO AFIRMA QUE CONTARÁ TODA A VERDADE


Padre Albano (Cláudio Cavalcanti) levou um baita susto, já que quase morreu com o atentado contra Roque (José Wilker). Certo que o alvo era o santeiro e não ele, Albano entende que o melhor a fazer é contar a verdade.

Mesmo diante da recusa do próprio Roque e de Padre Hipólito (Paulo Gracindo) que temem as consequências dessa verdade, o padre vermelho está irredutível.

Depois da fatídica noite, o velho padre vai a Vila Miséria preocupado com o colega. Depois de algum tempo, Albano retorna à sua Igreja e diz ao amigo Roque que pensou muito e que tomou uma decisão Eu cheguei à conclusão de que é preciso fazer alguma coisa. Acabar logo com essa farsa. Contar toda a verdade ao povo de Asa Branca e é exatamente isso que eu vou fazer.

Será que Padre Albano vai ter coragem? Não perca as emoções de Roque Santeiro!

ABC DO SANTEIRO

Cópias Mal Feitas fez grande sucesso na voz de Alceu Valença. Sua composição fez parte da trilha nacional de Roque Santeiro e você pode ouvi-la aqui em Trilha Sonora.

João Ligeiro (Maurício Mattar) não tem onde ficar depois de ter sido expulso da fazenda de Sinhozinho Malta (Lima Duarte). Mas Matilde (Yoná Magalhães) vai sair em sua defesa e oferece um emprego ao rapaz.

Roberto Mathias (Fábio Jr) resolve dar uma trégua à sua briga com Tânia (Lídia Brondi) e coincidentemente, a filha de Sinhozinho também resolve procurá-lo. O casal acaba se reconciliando.

Sexus, a boate de Matilde, finalmente foi inaugurada. Reveja o capítulo 83, exibido nesta quarta-feira, com divertidas apresentações das meninas Rosali e Ninon, com Amparito Hernandez e até a própria Matildade. 





quarta-feira, 9 de novembro de 2011

A REINAUGURAÇÃO DA BOATE


Matilde (Yoná Magalhães) realmente está contentíssima. Depois de tantos imbróglios, finalmente sua Boate Sexus será inaugurada. 

Se da última vez sabotaram, nesta noite tudo vai dar certo. Exceto para Florindo Abelha (Ary Fontoura) que pensando que Matilde sabe de seu caso no passado com Amparito (Nélia Paula), foi obrigado a ir escondido de Pombina (Heloísa Mafalda). 
Amparito também se apresenta

Mas a primeira dama acorda e dá por falta do marido.

Quem também está em maus lençóis é Padre Albano (Cláudio Cavalcanti). O padre vermelho foi alvejado por Zé das Medalhas (Armando Bógus) que, por sorte, não tem boa mira.

Parece que a noite em Asa Branca será longa.

Não perca em Roque Santeiro!


ABC DO SANTEIRO

Florindo Abelha passou por uma descompostura de sua mulher. Pombinha não leva desaforo pra casa e nem pro quarto. Assim como Pombinha, as mulheres de Asa Branca têm pulso forte. Leia análise brilhante publicada em 1985 sobre o assunto. Em Além de Asa Branca.

João Ligeiro (Maurício Mattar) foi traído pelo amigo Toninho Jiló (Luiz Carlos Barroso) e foi demitido da fazenda. Tudo porque quer ser santo e o fofoqueiro entendeu errado. Reveja as cenas no capítulo 82 exibido nesta terça-feira.





terça-feira, 8 de novembro de 2011

ZÉ DAS MEDALHAS ATINGE PADRE ALBANO PENSANDO SER ROQUE


Já não é segredo para nenhum espectador de Roque Santeiro, que desde que Roque (José Wilker) chegou à Asa Branca, Sinhozinho Malta (Lima Duarte) vem gastando os miolos para descobrir um jeito de se livrar do falso milagreiro.

Por isso, quando ele percebeu o interesse de Lulu (Cássia Kiss) pelo forasteiro, tratou de encher o ouvido de Zé das Medalhas (Armando Bogus) com insinuações e falsas suposições. Mesmo sendo amigo de infância de Roque, Zé fica com uma pulga atrás da orelha, ainda mais quando percebe que se todos descobrirem a verdade sobre Roque seus negócio irão à falência. 

Zé das Medalhas "disfarçado"
Estava formado o cenário ideal para a continuidade dos planos de Sinhozinho: um homem ciumento e ambicioso disposto a tudo para manter suas posses e sua honra. Para melhorar, o coronel descobre que o comerciante era o responsável pela morte de sua preciosa vaquinha Ametista. Chico Malta então dá sua última cartada, afinal só perdoaria o amigo se ele se livrasse de Roque.

Tânia (Lídia Brondi) marca um jantar para o santeiro em sua casa e Sinhozinho, então, exige que Zé cumpra sua obrigação logo depois. Nessa mesma noite, o marido de Lulu vai disfarçado até Vila Miséria e fica escondido observando a igreja. Quando um homem chega, mesmo com a distância, ele não tem dúvida e atira. Mas não era Roque, era o Padre Albano (Cláudio Cavalcanti)! E agora José? 

ABC DO SANTEIRO

As mulheres comandam Asa Branca. E um artigo brilhante publicado no Jornal do Brasil na época da novela poderá ser relido no blog. É só clicar em Além de Asa Branca.

Alguns momentos do capítulo 81 de Roque Santeiro lembraram o filme My Fair Lady. Neste filme, Audrey Hepburn fazia o papel de uma florista que se trasnformava em dama graças a uma aposta. Na primeira tentativa de apresentá-la à sociedade, o professor a leva numa corrida de cavalos. O figurino de Porcina até chega a lembrar, guardadas as devidas proporções, o de Audrey na ocasião. Quem também deu o ar da graça foram Tonico e Tinoco. Reveja o capítulo.







AMPARITO ESTÁ AQUI


Quem assiste todas as noites à reprise de Roque Santeiro no canal Viva está tendo a oportunidade de rever tipos marcantes da teledramaturgia brasileira, sendo defendidos por grandes atores, em ótimos momentos. É o caso do casal Florindo (Ary Fontoura) e Pomba Abelha (Eloísa Mafalda), do ator sedutor Roberto Mathias (Fábio Junior), do comerciante Zé das Medalhas (Armando Bogus), da dançarina Matilde (Yoná Magalhães) e claro, do trio de protagonistas: Roque (José Wilker), Porcina (Regina Duarte) e Sinhozinho Malta (Lima Duarte) que nos brindam em cada capítulo com cenas sensacionais.

Mas uma personagem pra lá de divertida vem animando ainda mais as confusões de Asa Branca. Estou falando de Amparito Torres, a amiga de Sinhozinho que chega à cidade para trabalhar com Matilde. O que pouca gente sabe é que sua intérprete, a atriz Nélia Paula, foi uma das maiores musas do Teatro de Revista na década de 50, ficando conhecida como a dona de um dos mais lindos e famosos pares de pernas do País.

Nélia Faria, que adotou o nome artístico de Nélia Paula, nasceu na Argentina, mas foi ainda pequena para Niterói, no Rio de Janeiro, onde viveu boa parte da sua vida. Desde pequena queria ser atriz e bailarina, por isso, em 1947, depois de ser aprovada num teste para bailarina na companhia de Eva Stachino, vedete chilena radicada no Brasil, foge de casa e muda-se para São Paulo. Depois de um romance frustrado que a fez largar a carreira e se tornar aeromoça, Nélia volta para o Rio de Janeiro, onde acaba sendo contratada como modelo para desfiles de moda e chás-dançantes vespertinos na boate Night and Day. No ano seguinte, passa a ser crooner da boate Casablanca, casa em que Renata Fronzi e Cesar Ladeira montavam os shows Café Concerto. Convidada por eles integra o elenco feminino do Café Concerto nº 1.

Dos shows em boate, passa para o teatro de revista ao integrar o elenco de "Zum! Zum!", estrelado por Dercy Gonçalves. No espetáculo seguinte é convidada para a companhia do comediante Colé para fazer parte da peça "Boca de Siri". Nélia Paula e Colé vivem no início um romance clandestino, já que ele ainda era casado com a vedete Celeste Aída. Em 1951, é eleita Princesa das Vedetes, no tradicional concurso do Baile das Atrizes, ano em Virgínia Lane foi coroada Rainha. Em 1954, torna-se estrela de Walter Pinto, na peça "Eu Quero é me Badalar". No ano seguinte, volta para a companhia de Colé, mas a relação entre eles entra em crise e o casamento termina logo depois das filmagens da chanchada "Eva no Brasil".

Na década de 60 deixa o teatro de revista, após ter sua única filha, e passa para a televisão, onde atua nos programas "Noites Cariocas" e "Praça Onze". Em 1966, volta ao teatro, substituindo Bibi Ferreira em "Hello! Dolly". Durante a década de 70, atua nas peças "Daquilo que Você Gosta"; "Longe Daqui, aqui Mesmo" e "A Gaiola das Loucas", comédia de Jean Poiret, dirigida por João Bittencourt.

Em 1983, faz a novela "Guerra dos Sexos", de Sílvio de Abreu e em 1985 entra em "Roque Santeiro", num papel escrito especialmente para ela por Aguinaldo Silva. Seus últimos trabalhos na televisão foram ao lado de Chico Anysio, na "Escolinha do Professor Raimundo", no início dos anos 90, fazendo os papéis Amparito Pêra e Dona Cora. Em 1994, devido a problemas financeiros, foi morar no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, onde morreu, no dia 8 de setembro de 2002, vítima de infarto.


Por Rafael Delphino Tupinambá

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

GERSON ASSUME DÍVIDA DO FILME



Foram vários impedimentos e tantas confusões durante as filmagens da biografia de Roque Santeiro em Asa Branca, que os 40 dias previstos pela produção passaram e nada do filme ficar pronto. Com isso Tomazzini (Denis Carvalho), o produtor do filme, chega à cidade disposto a levar com ele todos os copiões da fita.

Não é preciso dizer que quem fica completamente desesperado com isso é o diretor Gerson do Valle (Ewerton de Castro), ainda mais quando Tomazzini ameaça também tirar seu nome da direção.

Gerson reúne toda sua equipe, incluindo os atores Roberto Mathias (Fábio Júnior) e Linda Bastos (Patrícia Pillar) que ficam do se lado, para buscar uma solução para esse problema. O diretor responde ao produtor que a “Saga de Roque Santeiro” é uma obra de sua autoria e que é com ele que ela ficará. Para isso ele se compromete a assumir as dívidas do filme e Tomazzini poderá resgatar as promissórias na data combinada.

O produtor não gosta nada do que ouve e promete acabar com a carreira de Gerson. E agora, aonde o diretor vai conseguir o dinheiro para pagar as dívidas? E qual será a resposta de Tomazzini a tamanha provocação? Não perca os próximos capítulos de Roque Santeiro.

ABC DO SANTEIRO


Amparito Hernandez é interpretada por uma grande atriz do teatro de revista. Nélia Paula fez a divertida dançarina e chegou a Asa Branca para bagunçar a vida de S. Flô. Leia matéria de nosso colaborador Rafael Delphino Tupinambá para o blog. Em Além de Asa Branca!
Na versão de Roque Santeiro censurada em 1985, o ator e diretor Denis Carvalho vivia Roberto Mathias. Já, em 1985, ele volta em uma rápida participação como o produtor do filme sobre Roque Santeiro, protagonizado por Roberto.

Sinhozinho Malta (Lima Duarte) levou um baita susto quando Beato Salu (Nelson Dantas) agarrou seu braço no hospital. Reveja esta cena no capítulo 78 exibido nesta quarta-feira.





terça-feira, 1 de novembro de 2011

DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL

DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL

Othon Bastos na famosa foto
que serviu de cartaz ao filme

Além de remeter diretamente à música de abertura de Roque Santeiro, o filme Deus e o Diabo na Terra do Sol traz outra coincidência. 

O filme de 1964 com roteiro e direção de Glauber Rocha foi o grande marco do chamado Cinema Novo, uma espécie de Nouvelle Vague brasileira onde o lema era "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça". 

Rosa e Manuel são pequenos criadores de gado. Manuel, interpretado pelo saudoso Geraldo Del Rey, discute com um fazendeiro e o mata. Os dois fogem e acabam parando em Monte Santo onde um beato quer trazer de volta o catolicismo místico e ritualístico. Enquanto Manuel se integra totalmente aos romeiros, Antônio das Mortes é contratado pelos latifundiários para matar Sebastião, o beato santo que prega contra os mandos dos coronéis.

Após presenciar o sacrifício de um bebê, Rosa mata o beato e junto com o marido foge. No sertão, encontra ainda com Corisco, o diabo loiro, companheiro de Lampião. O cangaceiro foi um dos que conseguiu escapar do extermínio. 

Geraldo Del Rey e Yoná Magalhães

Rosa fica encantada pela masculinidade do cangaceiro, mas ele acaba morrendo pelas mãos de Antônio das Mortes. Rosa e Manuel continuam sua fuga, dessa vez em direção ao mar.

Além da história cheia de semelhanças com a crítica de Dias Gomes em Roque Santeiro, Deus e o Diabo conta com a presença de Yoná Magalhães, como Rosa e Othon Bastos, como Corisco. O ator Maurício do Valle, o Delegado Feijó, é o principal algoz de Corisco, interpretando Antônio das Mortes.

Maurício do Valle
no filme de Glauber Rocha
20 anos depois os três se reencontram em Roque Santeiro com uma história menos trágica, porém tão cheia de semelhanças que é impossível não destacarmos. Othon chegou à Asa Branca como Ronaldo, o antigo romance de Matilde (Yoná Magalhães). Enquanto isso, o Delegado Feijó fica atrás de Ninon, mas curiosamente interpreta o cangaceiro Navalhada no filme de Gerson do Valle (Ewerton de Castro). 

E será que é tudo coincidência? Continue ligado em Roque Santeiro!

Assista um vídeo com Jean Cândido Brasileiro falando sobre Glauber Rocha e o Tempo Glauber, espaço cultural que abriga a obra do cineasta.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

NOS DOIS PADRES A EVOLUÇÃO DA IGREJA

Não há obra de Dias Gomes sem padre. Desde "O pagador de promessas" (passada na entrada de uma igreja), os representantes da Igreja Católica são personagens de Dias. Numa ou noutra rara obra não aparecem. E os padres de Dias Gomes refletem de há muito a própria evolução ocorrida na Igreja, de João XXIII a nossos dias.

De defensores de estruturas rígidas, maniqueístas e fechadas para um arejamento tanto político como existencial. Já o padre de "O bem amado", tão bem interpretado por Rogério Fróes na primeira fase, (quando era telenovela), ainda acentuava as posições da antiga Igreja. Na fase do seriado posterior, ele já andava de bicicleta, conversava com mais soltura e em várias ocasiões assumia posições políticas críticas em relação ao status quo de Sucupira, projeção do quadro nacional exatamente quando, nesta, a Igreja Católica engajara-se na luta pela democracia.

"Roque Santeiro" vem de certa forma resolver os impasses para um autor que pretende retratar o real através da sátira. Um padre voltado para a velha ordem, Hipólito, e outro, Albano, renovador, sem batina e até, como na semana que passou; dançando, todo pimpão, num baile com presença das prostitutas da região. Afinal, a missão pastoral deve exercer-se onde quer estejam homem e o pecado e não apenas nos locais protegidos contra a ordem temporal e mundana.

Não podia haver melhor escolha que Paulo Gracindo e Cláudio Cavalcanti para as interpretações. N'outra oportunidade detalharei como cada um desses atores vem emprestando verdade e sentimento a suas criações.


Artur da Távola
Jornal O Globo
1985


Assista o Capítulo 75 exibido nesta sexta-feira






sábado, 29 de outubro de 2011

CLÁUDIO CAVALCANTI

Ele não tinha tempo para voltar a fazer novela. Já acumulava as atividades de ator, diretor e produtor de uma peça que estréia este mês, além de dirigir alguns episódios do "Caso verdade". Mas Cláudio Cavalcanti não resistiu ao papel de Padre Albano, numa novela que considera "tão especial" como "Roque Santeiro". Resultado: está gostando tanto a ponto de achar que seu personagem devia estar mais presente, pela "importância das idéias progressistas e liberais que transmite".

Fazer o que gosta, esta é a fórmula de Cláudio Cavalcanti. Assim é que "inventa" tempo para misturar tantas coisas no mesmo dia. Fica horas gravando como padre Albano, em "Roque Santeiro", dirige e acompanha os trabalhos de edição e sonorização de um "Caso verdade", e passa as noites ensaiando como ator e diretor, a peça "Estou amando loucamente", na qual ele, Maria Lúcia Frota e Gracindo Júnior andam de bicicleta o tempo todo pelo palco como se estivessem passeando no parque.

- Como faço o que gosto, todo trabalho me descansa e me faz feliz.

Com uma experiência de quase 30 anos, Cláudio vem atuando, há tempos, em outras frentes, e não apenas como ator. Desde que começou a carreira - diz - sente uma inquietação muito grande, que se traduz numa "desenfreada necessidade de criar". E explica:

- Até hoje adoro representar, que é um processo mágico - a gente fica meio possesso, solta as emoções. Mas, quando comecei a dirigir, senti um fascínio muito grande por esta atividade. Hoje, afirmo que, para mim, seria impossível não fazer mais as duas coisas juntas, atuar e dirigir.

Em teatro, Cláudio também produz, cuida da iluminação e da trilha sonora. Ele acha esse trabalho de produção "penoso e cansativo", mas diz que este é o preço que se paga para realizar o espetáculo que se quer:

- Sei que tenho de batalhar por uma produção, para depois ter o prazer de ver um sonho realizado. Até hoje, seja como produtor ou diretor, não pude ainda experimentar a sensação de fazer tudo, dar o tiro de largada e esperar o resultado. Dou o tiro e saio correndo. Mas é bom, gratificante do mesmo jeito. E, depois que a gente entra em cena, todo o trabalho penoso e cansativo é esquecido, o que fica é uma satisfação muito grande.

Todos os momentos de seu trabalho são acompanhados e compartilhados por sua mulher Maria Lúcia, atriz e produtora do espetáculo, e que também participa do "Caso verdade" - "Todo o dinheiro do mundo" - em fase final de gravação. Estão casados há seis anos e, nesse tempo, ela apaixonou-se pelo teatro e abandonou sua atividade de psicóloga, tornando-se atriz:

- Em nossa vida, nada foi programado. As coisas foram acontecendo e nós fomos nos adaptando a elas. Não importa se vamos virar a noite ensaiando, e temos de gravar às seis ou sete da manhã seguinte. Importa, sim, viver todos os momentos numa boa. No dia seguinte, dormimos até mais tarde. Precisamos nos libertar de certas convenções, como a de ter de dormir seis ou oito horas, comer duas ou três vezes por dia. O que vale é sentir, desfrutar a vida.

O apartamento dos dois é amplo, com muitos livros, discos e fitas de videocassete, as paixões de Cláudio - que também dispensa um tratamento especial aos cinco gatos da casa.
Cláudio e Maria Lúcia se conheceram numa reunião na APA (Associação de Proteção aos Animais) - são vegetarianos, porque se opõem à violência do abate dos animais. Com eles mora Lúcia, 13 anos, filha de Maria Lúcia, já iniciada no meio teatral, numa peça infantil. Não há uma rotina - para eles, cada dia é diferente. Diz Maria Lúcia:

- A gente namora muito, mas, na hora de trabalhar, agimos profissionalmente.

Já Cláudio diz que é exigente como diretor, até porque é extremamente rígido consigo mesmo, em todos os sentidos, profissional e humanamente. Dirigindo, ele se acha "gentilmente exigente". Quanto ao trabalho em "Roque Santeiro", destaca:

- A novela é marcante, diferente do que vinha acontecendo por ai. Meu personagem, o padre Albano, é sensacional. Eu e Paulo Gracindo estamos conseguindo fazer dois padres que pensam diferente e têm personalidades diferentes, sem um ser o vilão e o outro Robin Hood.

Olívia Gonçalves
Jornal O Globo
4/8/1985

Assista os Capítulos 73 (quarta-feira) e 74 (quinta-feira)







Cap. 74





quarta-feira, 26 de outubro de 2011

SINHOZINHO MALTA DESCONFIA DE ZÉ DAS MEDALHAS


A procura pelo celerado que matou a pobre vaquinha Ametista está fazendo o Delegado Feijó (Maurício do Valle) pensar até em chamar reforços para a delegacia de Asa Branca. Mas o caso pode se solucionar muito mais rapidamente do que ele imagina.

Temerosa com o ciúme doentio de Zé das Medalhas (Armando Bógus), ainda mais depois que o marido a flagrou na Santa Casa onde também está Roque (José Wilker), a esposa do comerciante encontra a caixa de balas com alguns projéteis faltando e dá por falta da arma. Lulu (Cássia Kiss) sai correndo pela cidade procurando pelo marido antes que ele faça alguma bobagem.

Quem também está à procura de Zé das Medalhas é Sinhozinho Malta (Lima Duarte) que acaba escutando Lulu desesperada perguntando o que o marido anda fazendo com aquela arma já que estão faltando seis balas.

Será que Sinhozinho vai descobrir a verdade? Não perca em Roque Santeiro!


Assista o capítulo 72 exibido nesta terça-feira





terça-feira, 25 de outubro de 2011

E A IMAGEM DO 'SANTO' AMANHECE EM MAUS LENÇÓIS


Mais uma vez, o Prefeito Florindo Abelha (Ary Fontoura) vai suar frio. Amanhece um novo dia em Asa Branca e o povo se concentra na praça, em torno da estátua de Roque Santeiro, maculada durante a noite: alguém vestiu o herói da cidade com roupas íntimas femininas e uma bolsa, querendo desmoralizar o milagreiro. Para a população, é um desrespeito. Para o Prefeito, o caos.

As gravações, terça-feira, na cidade cenográfica de Guaratiba, sob a direção de Gonzaga Blota, contou com a presença de 50 figurantes, que receberam a orientação de não despregar os olhos da estátua. Os personagens também se sucediam na admiração do acontecido. 

Adicionar legenda
Quem primeiro chega é o fofoqueiro Toninho Jiló (Luiz Carlos Barroso), que busca a família de seu Flô. Este quase chora diante do ridículo da situação, só se acalmando depois de cobrir a estátua com um lençol. Os demais ficam consternado, mas, independente disso, a situação é cômica. Ary Fontoura, fora da pele do Seu Flô, não se continha e brincava, cochichando aos outros atores: Depois disso, a fama de Roque não será mais a mesma, não acham?

O que o povo não sabe é que o verdadeiro responsável pela confusão é o Professor Astromar (Ruy Rezende). O mestre com raiva de ter sido preterido por Mocinha (Lucinha Lins) por causa do "santo" resolve se vingar.

Não perca no capítulo desta noite em Roque Santeiro!

ABC DO SANTEIRO

No capítulo desta noite, Matilde (Yoná Magalhães) e Ronaldo (Othon Bastos) se reconciliarão. 20 anos antes, os dois atores haviam trabalhado juntos no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol. Saiba mais em Além de Asa Branca.

Sinhozinho Malta (Lima Duarte) chorou a morte da vaca Ametista e acabou comprando briga com Porcina (Regina Duarte) e a "viúva", por sua vez, teve um arranca rabo com Padre Hipólito (Paulo Gracindo) que se recusou a celebrar seu casamento com o coronel, enquanto S. Flô corria de um lado pro outro pra tentar descobrir o que ela e o vigário tanto conversavam. Reveja essas cenas no capítulo 71 exibido nesta segunda-feira.






segunda-feira, 24 de outubro de 2011

PADRE HIPÓLITO SÓ CELEBRA O CASAMENTO DE PORCINA SE TODOS SOUBEREM DA VERDADE



Padre Hipólito (Paulo Gracindo) resolveu mostrar as garras depois que soube que Porcina (Regina Duarte) e Roque (José Wilker) nunca foram casados. Muito irritado pela monstruosidade da mentira, o vigário afirma que não fará o casamento.

Mesmo diante da verdade contada pela ex-viúva e até pelo próprio Roque, o vigário afirma que perante ele, os dois ainda são casados. E o casamento entre Porcina e Malta (Lima Duarte) só se realizará se ela contar a verdade para todos como prova de seu arrependimento.

Porcina afirma que se casará na Igreja Brasileira ou no Uraguai e ainda vou ter um filho só pra ter o gostinho de lhe ver realizando o batizado

Padre Hipólito, ainda mais irritado diz que se depender dele o filho de Porcina nascerá de chifres e morrerá pagão. A escandalosa Porcina, desesperada diz Será que eu vou ser derrotada por um defunto que não morreu?

Não perca essas cenas no capítulo desta noite de Roque Santeiro!

ABC DO SANTEIRO

Yoná Magalhães, Othon Bastos e Maurício do Valle se encontraram 20 anos antes no grande filme brasileiro Deus e o Diabo na Terra do Sol. Leia post a respeito em Além de Asa Branca e ainda assista o trecho de um vídeo onde Jean Cândido Brasileiro visita o Tempo Glauber, espaço que abriga todo o acervo do cineasta Glauber Rocha.

Assista o Capítulo 70 exibido nesta sexta-feira





OS 89 ANOS DE DIAS GOMES


O Brasil hoje comemora. Se estivesse vivo, Dias Gomes completaria 89 anos. Talvez não estivesse vivo nesta idade, mas talvez sim. Infelizmente a fatídica noite de 18 de maio de 1999 abreviou a vida de um grande artista brasileiro, mas não sua obra.

Leonardo Villar em
"O Pagador de Promessas"
Oriundo do teatro, Alfredo de Freitas Dias Gomes, foi responsável por grandes sucessos e também estrondosas polêmicas numa época negra do país. Assumidamente de esquerda, foi perseguido e do mesmo modo que muitos artistas daquela época foi duramente censurado. Uma das poucas entrevistas que me lembro assistir de Dias, ele relatava o episódio da censura à sua novela Roque Santeiro, de 1975, baseada em uma peça de sua autoria de 1963, também censurada, O Berço do Herói. O falante dramaturgo não perdia o humor refinado que tanto o caracterizava.

No teatro, no cinema ou na tv, onde quer que estivesse, Dias Gomes era sinônimo de sucesso. Santo Inquérito, O Berço do Herói, O Pagador de Promessas no teatro, só para citar as principais obras, esta última se tornaria sucesso internacional através do cinema. O filme, com roteiro do próprio Dias, foi o primeiro brasileiro a receber indicação ao Oscar e o único a ganhar a Palma de Ouro em Cannes, no ano de 1960.

O bem amado Odorico Paraguaçu
Na TV, seus personagens se tornariam inesquecíveis e verdadeiros marcos da nossa teledramaturgia. Mesmo quem não tinha idade ou sequer nascido se lembrará do Odorico Paraguaçu de Paulo Gracindo. Suas histórias tinham forte conteúdo político como podemos perceber na crítica nem sempre tão velada de Roque Santeiro. A novela trata de arquétipos políticos muito bem definidos e fala da capacidade que a sociedade possui de criar seus próprios mitos e se cegar diante deles.

Casado muitos anos com Janete Clair, falecida em 1983 vítima de câncer, Dias ainda se casou com a atriz Bernadeth Lízio. A filha do casal, Mayra Dias Gomes, hoje com 24 anos, possui dois livros publicados.

O último trabalho do autor na TV foi a adaptação de Dona Flor e Seus Dois Maridos, em 1998. A minisséria, baseada na obra de Jorge Amado, foi um grande sucesso. 

Como disse no início, o Brasil hoje comemora. Mesmo falecido, Dias nos deixou obras de fundamental importância para nossa cultura teatral e teledramatúrgica. Novelas como O Bem Amado e Roque Santeiro foram verdadeiros divisores de água na televisão brasileira, bem como Saramandaia, Bandeira 2 e tantas outras que entraram em nossas casas através dessa caixa mágica que se chama televisão.

Por Jean Cândido Brasileiro